Serve,
pois, de orientação para a teologia reformada a questão da Palavra e dos
Sacramentos. Onde uma é pregada e ouvida com sinceridade e a outra é mostrada
(celebrada) de modo correto, aí está a Igreja. Deste modo, fica claro que para
Calvino a identidade da Igreja está intimamente ligada ao ministério da
Palavra, seja pregada, seja demonstrada nos sacramentos:
A
Igreja é chamada coluna da verdade pela mesma razão, pois, o ofício de
ministrar a doutrina que Deus pôs em suas mãos é o único meio para a
preservação da verdade, a qual não pode desaparecer da memória dos homens. Em
consequência, essa recomendação se aplica ao Ministério da Palavra, pois, se ela for removida, a verdade de Deus
desvanecerá. [1]
Por
isso, é necessário voltar a atenção para o ensino de Calvino acerca dos ofícios
eclesiásticos. Ele estabeleceu como um componente essencial de seu acordo para
voltar à Genebra em 1541 a adoção de um ofício quádruplo na Igreja: pastor, mestre, ancião e diácono. Ele
compreendia que este era o padrão ordenado nas Escrituras e o transformou na
pedra fundamental de seu pensamento acerca das ordens eclesiásticas [2]. Em O
Pensamento Econômico e Social de Calvino, André Biéler enumera estes diferentes
Ministros e Ministérios da Igreja no pensamento de João Calvino, mas ressalva
que a relação entre eles não é de gradação hierárquica:
Os
diferentes Ministros da Igreja são os pastores,
incumbidos de pregar o Evangelho e administrar os sacramentos (cumprindo as
diversas funções que a Bíblia menciona quando fala dos bispos, dos presbíteros,
dos pastores e dos ministros), os mestres, os anciãos, (encarregados do governo
e da disciplina moral da Igreja) e os diáconos. [3]
Ver: CALVINO, João. Institutas da Religião Cristã,
IV, I, 9.